
Todos querem viver em Portugal. Mas será bom para todos?
Nos últimos anos, Portugal deixou de ser apenas um destino turístico apreciado para se tornar uma escolha de vida para milhares de estrangeiros — de norte-americanos à procura de tranquilidade a brasileiros à procura de segurança, de franceses que trocam Paris por Lisboa até nómadas digitais que se instalam na Ilha da Madeira com o portátil na mochila.

Miradouro das Portas do Sol
Este fenómeno não é acidental: Portugal lidera rankings de qualidade de vida, paz e segurança. Em 2022, a famosa revista de viagens Condé Nast Traveller elegeu Portugal como o Melhor País do Mundo para viajar, destacando não só as praias e o vinho, mas também novas regiões emergentes como Melides e Comporta.
Em 2025, a plataforma norte-americana Expatsi, organização especializada em apoiar cidadãos americanos na mudança para o estrangeiro, colocou Portugal no topo da lista dos destinos preferidos por cidadãos dos EUA para emigrar, à frente de Espanha, Itália e Canadá, com base em mais de 110.000 respostas. O motivo? Paz, sistema de saúde acessível, custo de vida, clima e liberdade dentro do espaço Schengen.
Recentemente jornal inglês The Guardian reforçou esta tendência com o artigo “Why are so many Americans moving to Portugal?”, publicado em setembro de 2025, onde sublinha o contraste entre o ambiente social e económico dos EUA e a estabilidade portuguesa. (Ver artigo)
O país que durante décadas exportou emigrantes, tornou-se agora o novo destino global — desejado, procurado, cobiçado. Mas será que este “sucesso” é sustentável? E estamos todos a beneficiar dele da mesma forma?
Mas com o sucesso vieram os efeitos secundários: rendas que disparam, gentrificação, perda de identidade local e desigualdade entre expats de luxo e trabalhadores precários.
Este fenómeno não é acidental: Portugal lidera rankings de qualidade de vida, paz e segurança. Em 2022, a famosa revista de viagens Condé Nast Traveller elegeu Portugal como o Melhor País do Mundo para viajar, destacando não só as praias e o vinho, mas também novas regiões emergentes como Melides e Comporta.
Em 2025, a plataforma norte-americana Expatsi, organização especializada em apoiar cidadãos americanos na mudança para o estrangeiro, colocou Portugal no topo da lista dos destinos preferidos por cidadãos dos EUA para emigrar, à frente de Espanha, Itália e Canadá, com base em mais de 110.000 respostas. O motivo? Paz, sistema de saúde acessível, custo de vida, clima e liberdade dentro do espaço Schengen.
Recentemente jornal inglês The Guardian reforçou esta tendência com o artigo “Why are so many Americans moving to Portugal?”, publicado em setembro de 2025, onde sublinha o contraste entre o ambiente social e económico dos EUA e a estabilidade portuguesa. (Ver artigo)
O país que durante décadas exportou emigrantes, tornou-se agora o novo destino global — desejado, procurado, cobiçado. Mas será que este “sucesso” é sustentável? E estamos todos a beneficiar dele da mesma forma?
Mas com o sucesso vieram os efeitos secundários: rendas que disparam, gentrificação, perda de identidade local e desigualdade entre expats de luxo e trabalhadores precários.

Albufeira
Quem vem para Portugal — e porquê
Brasileiros: A maior comunidade estrangeira em Portugal. Segundo o jornal Público, em março de 2025, o então primeiro-ministro António Costa afirmou que o número mínimo de brasileiros no país é de 550 mil pessoas. “É um número mínimo. Não temos sequer a certeza do número total de brasileiros que aqui vivem, tal é a sua dimensão.” Fonte: Público, março 2025
A comunidade brasileira é diversa: inclui quadros em tecnologia, saúde e turismo, bem como trabalhadores em serviços domésticos, construção e restauração.
Americanos: Portugal lidera o ranking da plataforma Expatsi, como o país mais desejado para viver em 2025. Fonte: AS.com / Expatsi
Entre os motivos estão:
- 7.º lugar no Global Peace Index 2024 (EUA está em 128.º)
- Sistema de saúde universal
- Leis anti-discriminação
- Clima e segurança
Franceses e outros europeus: Fluxo crescente e estável. Procuram qualidade de vida, clima, vantagens fiscais (NHR). Estabelecem-se sobretudo em Lisboa, Cascais e Algarve. Fonte: GEE.gov.pt
Madeira: Refúgio de nómadas digitais. Programas como o Digital Nomad Village em Ponta do Sol atraem freelancers e trabalhadores remotos. Coworks, clima e qualidade de vida destacam a ilha no mapa europeu.
Quem vem para Portugal — e porquê
Brasileiros: A maior comunidade estrangeira em Portugal. Segundo o jornal Público, em março de 2025, o então primeiro-ministro António Costa afirmou que o número mínimo de brasileiros no país é de 550 mil pessoas. “É um número mínimo. Não temos sequer a certeza do número total de brasileiros que aqui vivem, tal é a sua dimensão.” Fonte: Público, março 2025
A comunidade brasileira é diversa: inclui quadros em tecnologia, saúde e turismo, bem como trabalhadores em serviços domésticos, construção e restauração.
Americanos: Portugal lidera o ranking da plataforma Expatsi, como o país mais desejado para viver em 2025. Fonte: AS.com / Expatsi
Entre os motivos estão:
- 7.º lugar no Global Peace Index 2024 (EUA está em 128.º)
- Sistema de saúde universal
- Leis anti-discriminação
- Clima e segurança
Franceses e outros europeus: Fluxo crescente e estável. Procuram qualidade de vida, clima, vantagens fiscais (NHR). Estabelecem-se sobretudo em Lisboa, Cascais e Algarve. Fonte: GEE.gov.pt
Madeira: Refúgio de nómadas digitais. Programas como o Digital Nomad Village em Ponta do Sol atraem freelancers e trabalhadores remotos. Coworks, clima e qualidade de vida destacam a ilha no mapa europeu.

Ponte D. Luís I
O que torna Portugal tão atrativo?
- Clima e qualidade de vida
- Sistema de saúde pública
- Estabilidade política e segurança
- Custo de vida ainda competitivo (comparado com EUA e Europa do Norte)
- Regimes fiscais favoráveis (NHR, D7, D8)
- Facilidade de integração
- Reputação internacional positiva
O que torna Portugal tão atrativo?
- Clima e qualidade de vida
- Sistema de saúde pública
- Estabilidade política e segurança
- Custo de vida ainda competitivo (comparado com EUA e Europa do Norte)
- Regimes fiscais favoráveis (NHR, D7, D8)
- Facilidade de integração
- Reputação internacional positiva

Lisboa

Guimarães
Mas quem paga o preço?
- Habitação: Preços duplicaram nas grandes cidades. Moradores empurrados para a periferia.
- Gentrificação: Bairros transformados, perda de identidade local.
- Desigualdade: Imigrantes de luxo vs. trabalhadores vulneráveis.
- Serviços públicos sob pressão: escolas, saúde, transportes.
Mas quem paga o preço?
- Habitação: Preços duplicaram nas grandes cidades. Moradores empurrados para a periferia.
- Gentrificação: Bairros transformados, perda de identidade local.
- Desigualdade: Imigrantes de luxo vs. trabalhadores vulneráveis.
- Serviços públicos sob pressão: escolas, saúde, transportes.

Cascais
Dados que ajudam a perceber
De acordo com os dados mais recentes da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), em abril de 2025 viviam em Portugal cerca de 1,55 milhões de cidadãos estrangeiros, o equivalente a 15% da população nacional. Este número duplicou nos últimos três anos e quase quadruplicou desde 2017, revelando uma mudança estrutural nas dinâmicas demográficas do país.
Os brasileiros representam a maior comunidade estrangeira, com cerca de 35% do total. Seguem-se os angolanos, os cabo-verdianos e, em franco crescimento, os cidadãos dos Estados Unidos, França e Reino Unido, geralmente com maior poder de compra e perfil mais qualificado.
Outros dados importantes:
- 2022: 118 mil imigrantes entraram em Portugal (recorde na altura)
- 2023: 328 mil estrangeiros
- 2023: 31 mil portugueses emigraram, sobretudo jovens com formação superior
Fontes: AIMA, Pordata, Observatório da Emigração
Estes números refletem uma transformação demográfica e social de grande escala, que exige reflexão e planeamento — não apenas para continuar a atrair, mas também para garantir coesão e sustentabilidade interna.
Reflexão
Portugal continua a ser um país que sabe acolher. Mas será que consegue manter o equilíbrio entre ser desejado e ser habitável? Estaremos a crescer sem proteção? A incluir ou a excluir?
Conseguiremos manter o equilíbrio entre acolher e proteger? Crescer… sem descaracterizar?
Dados que ajudam a perceber
De acordo com os dados mais recentes da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), em abril de 2025 viviam em Portugal cerca de 1,55 milhões de cidadãos estrangeiros, o equivalente a 15% da população nacional. Este número duplicou nos últimos três anos e quase quadruplicou desde 2017, revelando uma mudança estrutural nas dinâmicas demográficas do país.
Os brasileiros representam a maior comunidade estrangeira, com cerca de 35% do total. Seguem-se os angolanos, os cabo-verdianos e, em franco crescimento, os cidadãos dos Estados Unidos, França e Reino Unido, geralmente com maior poder de compra e perfil mais qualificado.
Outros dados importantes:
- 2022: 118 mil imigrantes entraram em Portugal (recorde na altura)
- 2023: 328 mil estrangeiros
- 2023: 31 mil portugueses emigraram, sobretudo jovens com formação superior
Fontes: AIMA, Pordata, Observatório da Emigração
Estes números refletem uma transformação demográfica e social de grande escala, que exige reflexão e planeamento — não apenas para continuar a atrair, mas também para garantir coesão e sustentabilidade interna.
Reflexão
Portugal continua a ser um país que sabe acolher. Mas será que consegue manter o equilíbrio entre ser desejado e ser habitável? Estaremos a crescer sem proteção? A incluir ou a excluir?
Conseguiremos manter o equilíbrio entre acolher e proteger? Crescer… sem descaracterizar?