
Jardins do Palheiro: um dia inteiro de serenidade sobre o Funchal
Há lugares que nos conquistam devagar — não com promessas exuberantes, mas com a serenidade de quem tem tempo. Assim é o Palheiro Gardens, um jardim privado que se abre ao público, escondido nas colinas a leste do Funchal, com vista para o mar e a cidade recortada entre montanha e oceano.
Chegámos de manhã, sem pressas. Queríamos aproveitar tudo. Um dia inteiro para explorar este refúgio verde, longe do burburinho turístico. Logo à entrada, sentimos o silêncio vegetal: o som das folhas, o perfume da terra húmida e das camélias ainda floridas desde o outono.
Um refúgio botânico nas colinas da Madeira
Caminhos de sombra e flores, árvores centenárias e segredos de família
O jardim é assimétrico, feito de surpresas. Não há um único ponto central, mas sim uma sucessão de clareiras, avenidas, escadarias, pérgulas cobertas de glicínias, lagos e recantos escondidos. É um espaço vivido e moldado ao longo de gerações, sobretudo pelas mulheres da família Blandy, que compraram a propriedade em 1885 e desde então a cuidam com sensibilidade, com o apoio de jardineiros locais — muitos com décadas de casa.
Fomos avançando com o dia, seguindo os trilhos, detendo-nos a observar árvores monumentais de todo o mundo — sequoias californianas, araucárias brasileiras, eucaliptos australianos, pinheiros da Nova Zelândia, magnólias dos Himalaias. Um jardim do mundo, enraizado na Madeira.
As camélias, as magnólias, os agapantos e as brugmansias marcam o jardim ao longo do ano. Cada estação oferece um espetáculo diferente. Em abril, vimos a glicínia a cair em cascata e a árvore-lenço a florir. Mais adiante, atravessámos a grande avenida de plátanos e encontrámos bancos de pedra junto aos lagos — perfeitos para parar, ler ou simplesmente não fazer nada.



O murmúrio da água: a alma do jardim
Perto da gruta, descobrimos um dos recantos mais serenos do Palheiro: um riacho borbulhante, alimentado pelas levadas que trazem água das montanhas até dois reservatórios no topo da propriedade. A água corre em direção a uma série de lagos em forma de losango, ladeados por tritónias, antes de chegar aos canais do jardim inferior, onde flutuam nenúfares entre relvados cuidados.
É impossível não abrandar aqui. Sentámo-nos por momentos apenas a ouvir a água, envolvidos pelo verde. Foi um dos pontos altos do passeio — talvez o mais íntimo e contemplativo.

Vista sobre o Funchal: uma pausa com horizonte
A certa altura, a vegetação abriu-se e avistámos o Funchal ao longe. Fizemos uma pausa. Sentámo-nos num tronco de arvore, deixámos o olhar perder-se no horizonte e apenas escutámos. O som das árvores, o silêncio lá em baixo. Estes pequenos momentos — não planeados — são os que acabam por ficar connosco.

Almoço com sabor madeirense no Vista Balancal
No final da visita, decidimos almoçar no Vista Balancal, o restaurante da quinta, junto ao campo de golfe. A vista… é daquelas que se contam aos amigos. Uma esplanada sobre a baia do funchal, com o oceano ao fundo. Pedimos Atum braseado com cremoso de batata doce, Tornedó de vaca e um vinho branco local. A cozinha mistura tradição madeirense e toques mediterrânicos, com muita leveza. Convém reservar, sobretudo ao fim de semana.
Foi um dia muito bem passado — não só pela beleza do lugar, mas pela sensação de tempo dilatado. O Palheiro é um jardim para quem gosta de andar devagar, reparar nos detalhes e ouvir os passos na gravilha.

Informação prática
Os Jardins do Palheiro Integram o hotel de charme Casa Velha do Palheiro, um elegante Relais & Châteaux de 5 estrelas
Localização: Quinta do Palheiro Nature, Funchal
Horário: Todos os dias das 9h00 às 17h00 (última entrada às 16h00)
Fechado: 25 de dezembro e 1 de janeiro
Bilhetes:
- Adultos: 11 €
- Jovens (15–17 anos): 6 €
- Crianças: grátis
- Residentes na Madeira: 6 € (com comprovativo)


